jueves, 2 de mayo de 2019

COMO APRENDI UM NOVO IDIOMA DEPOIS E ADULTO: 5 DICAS EXPLICADAS


Demorei três anos para sair da estaca zero no inglês até o nível de conversar com nativos sem ser reconhecida como estrangeira
Quando foi a última vez que você se desafiou a fazer algo foda?
Sabe aquela pessoa que canta Oasis na rodinha de violão, assiste filme sem legenda e encontra qualquer informação que precisa nos sites gringos? Eu não fui essa pessoa por quase três décadas da minha vida. Mas foi necessário muito menos tempo do que eu imaginava para me torná-la. 2018 tá aí na porta e, se o seu monolinguismo tá te incomodando, que tal você se desafiar a aprender uma língua?
Existe a crença de que apenas quando se começa na infância ou na adolescência é que podemos ser fluentes num idioma. No livro Becoming Fluent: How Cognitive Science Can Help Adults Learn a Foreign Language, Richard Roberts e Roger Kreuz mostram como essa ideia é furada. Os autores falam de estudos que apontam que, de fato, quanto mais jovem você começa a falar uma língua, maiores as chances de você ter uma boa pronúncia. Mas a fluência de alguém que começou a aprender uma língua quando adulto em geral se aproxima muito ou pode até ser idêntica a de alguém que fala desde criança.
Na verdade, segundo Roberts e Kreuz, existem até vantagens em se aprender um idioma na idade adulta, como o fato de que você pode transferir os conhecimentos linguísticos que tem da sua língua materna para a segunda. Por exemplo, é impossível explicar para uma criança que na frase “Ellas son estudiantes” o verbo está no plural pois concorda com o sujeito, simplesmente porque uma criança talvez não entenda o que é um verbo, muito menos um sujeito e possivelmente nem mesmo o conceito de plural. Essa é só uma das vantagens, tem mais.
Já vou avisando que, em um ano, não vai rolar de ser o poliglota bonitão que você acabou de se imaginar aí, mas já dá pra se virar sozinho nas viagens, entender umas músicas só de ouvido e até ver uns filminhos sem legenda. E o mais importante: depois de ver os resultados de um ano, você não vai querer parar. E aí sim essa estrada sem volta vai te levar ao efeito Jason Bourne: um dia você atende um telefonema e... olha só, minha gente, nem lembrava, mas eu falo outra língua! Como isso foi acontecer?!
Existem várias questões relacionadas a falar um outro idioma que podem afetar muito a autoestima de uma pessoa. No meu caso, ficava bem sem graça por já estar com vinte e tantos anos e não falar um inglês minimamente decente. E essa frustração foi virando um medo de começar, já que eu achava que isso era algo que deveria ter acontecido muito antes na minha vida. Na minha cabeça, aprender uma língua enquanto trabalhava e cuidava das coisas práticas da vida adulta seria impossível. Mas um dia eu precisei aprender por questão de sobrevivência. E adivinha? Dei conta.
O processo foi foda, doloroso mesmo. O primeiro ano é puro esforço e pouca recompensa. No segundo, eu comecei a ver mais os resultados do meu esforço. Do terceiro em diante, comecei a colher os frutos mais significativos dessa jornada. E olha, vou te dizer, dá um orgulho danado pensar que eu não desisti.
O que muita gente ignora é que aprender uma língua não é só uma questão de acumular conhecimentos. Existem fatores emocionais e psicológicos, além de estratégias para otimizar o processo que eu gostaria que alguém tivesse me contado quando eu estava começando. E é disso que a gente vai falar aqui.

1. Comece pelo básico
Uma das dificuldades para se aprender uma língua depois de adulto é que já sabemos demais. Já experimentamos muito da vida, dos sentimentos e das sensações e conhecemos todo o potencial que a nossa língua materna tem para expressar tudo isso. O problema é que criamos a expectativa de ter todo esse poder de expressão no novo idioma, e o pior: imediatamente.
Eu sei, quando você se imagina falando uma língua, você está tendo conversas profundas sobre a humanidade, sendo o centro da rodinha e fazendo todo mundo rir e te lançar olhares de aprovação, né? Mas não será assim por muito tempo. Então não atropele seu processo de aprendizado, você não será o fodão dos phrasal verbs se ainda não aprendeu o to be. O primeiro ano de aprendizado de uma língua não é divertido. É sofrimento, muito esforço e pouca recompensa. E isso nos leva à próxima dica.

2. Tenha paciência e seja persistente
Uma das maiores dificuldades de se manter motivado para aprender um idioma é que esse é um investimento de longo prazo. Nesse caso, use a filosofia do “só mais um dia”. Só por hoje, tire um tempinho pra estudar, mesmo sabendo que isso não vai fazer uma grande diferença imediata.
Também ajuda bastante criar uma forma de medir sua evolução de alguma forma. Você pode, por exemplo, filmar uma aula ou conversa sua naquela língua. Depois de 3 meses, assista o vídeo, grave outro e assim sucessivamente. Ver que você está evoluindo vai te dar a motivação que você vai precisar quando estiver cheio de ideias na cabeça e não conseguir colocar nenhuma pra fora ao abrir a boca. Isso vai acontecer muitas vezes, mesmo depois de muito estudo. Mas não pare.

3. Aceite seus erros
Se você é perfeccionista, ou você aprende de vez a aceitar sua imperfeição e entende que ela não te impede de realizar coisas ou você enlouquece. Mas por favor, tente ficar com a primeira opção, ela será bem mais útil. Entender que eu não precisava fazer frases gramaticalmente perfeitas ou pronunciar tudo maravilhosamente bem para dar o meu recado foi das coisas mais libertadoras na minha jornada linguística.
Caso tenha a oportunidade de conversar na sua nova língua, não tenha medo de falar. Às vezes ficamos com medo do que vão pensar da gente ali falando como uma criança de três anos. Em primeiro lugar, não se esqueça de que falar uma língua estrangeira mal é melhor do que não falar língua estrangeira nenhuma. Você já está em vantagem só de conhecer um pouco daquele idioma. Mas se insegurança bater, lembre-se de que provavelmente a pessoa com quem você está conversando não é tão importante assim pra você ou você é que não é tão importante assim.
Ela vai seguir com a própria vida sem nem lembrar dos seus erros. Além disso, se a ideia é impressionar alguém, não é calado que você faz isso. Cara de pau impressiona também. Eu mesma costumo ser extremamente crítica com meu inglês, mas todas as vezes que falei com nativos, escutei deles que eu tinha uma fluência impressionante, mesmo sabendo que cometia uns errinhos aqui e ali.

4. Ligue o foda-se para seu sabotador interno
No início do processo de aprendizado de uma língua, você precisa dar a cara a tapa e falar, o que te coloca na posição desconfortável de parecer bobo, desajeitado, involuntariamente engraçado. E essa sensação vai fazer você se sabotar. Você vai pensar em incontáveis razões pra não ir à aula ou pra adiar aquela conversa pelo Skype. Não sucumba. Ao terminar cada uma das conversas com nativos que o meu sabotador interno me dava mil desculpas para não ter, eu me sentia foda, eu me dava um tapinha nas costas e dizia: You did it!

5. Conhece-te a ti mesmo
Descubra como você aprende. Eu, por exemplo, preciso ler, não sou dessas que pega só de ouvir. Quando não entendo algo, preciso descobrir a lógica por trás daquilo ou sistematizar aquele conhecimento de alguma forma. Por exemplo, minha pedra no sapato era o present perfect. Depois que eu estudei as regras e vi muitos exemplos para cada uma delas, eu finalmente entendi. Claro que não penso nas regras enquanto estou numa conversa, mas compreendê-las me permitiu internalizá-las e usar o present perfect sem maiores dificuldades. Esse autoconhecimento só vem ao longo do processo de aprendizado, depois de muita tentativa e erro. Então, claro, não espere por ele para começar.